Apesar de ser uma especialidade relativamente antiga, apenas a partir das décadas de 1990 e 2000 que a Neurorradiologia Intervencionista foi gradativamente ocupando seu importante papel no manejo de pacientes graves, principalmente nos casos de hemorragia subaracnóide, em que passou a proporcionar, além da função de diagnóstico dos aneurismas cerebrais, a possibilidade de realizar o tratamento endovascular, especialmente na fase aguda.
O conceito de angiografia cerebral por cateterismo foi introduzido em 1921, pelo médico português ganhador do prêmio Nobel Antônio Egas Moniz, sendo considerada a segunda modalidade mais antiga de imagem para a análise in vivo do sistema nervoso central, após a pneumoencefalografia.
O ISAT (International Subarachnoid Aneurysm Trial), estudo multicêntrico, prospectivo, randomizado, que comparou a eficácia e segurança do tratamento endovascular com coils com o tratamento cirúrgico convencional, iniciado em 1994, com os primeiros resultados publicados em 2002, demonstra uma redução de risco de incapacidade de 7,4% a favor do tratamento endovascular.
Mais recentemente, depois do advento do manejo clínico dos pacientes com acidente vascular isquêmico encefálico (AVE), estudos como o MR CLEAN (Multi center Randomized Clinical trial of Endovascular treatment for Acute ischemic stroke in the Netherlands) vem demonstrando que a trombectomia mecânica endovascular é o tratamento de escolha da oclusão arterial intracraniana aguda proximal nos casos devidamente selecionados.
A grande maioria dos procedimentos de neurorradiologia intervencionista é realizada em equipamento de angiografia/hemodinâmica com protocolos direcionados para estudos neurológicos. Avanços tecnológicos recentes vêm possibilitando a realização de exames mais rápidos, com maior definição, menor quantidade de contraste iodado, sequencias rotacionais com reconstruções 3D e tomográficas, importantes para planejamento e avaliação imediata do resultado do tratamento realizado.
O procedimento de Neurorradiologia intervencionista deve ser realizado em ambiente hospitalar, por equipes bem formadas, experientes e em constante atualização. Também é essencial a integração com as outras áreas envolvidas, como a neurologia, a neurocirurgia e a anestesiologia, para promover a melhor conduta possível em pacientes com quadro clínico extremamente grave e delicado.